terça-feira, 28 de junho de 2011

Casos de AIDS são subnotificados no Rio Grande do Norte

Do Diário de Natal
 (Fábio Cortez/DN/D.A Press)
As pessoas que têm o diagnóstico confirmado como HIV positivas não são inclusas nas estatísticas do boletim epidemiológico da Secretaria de Estado da Saúde Pública (Sesap). O órgão notifica somente os pacientes que desenvolvem a Aids, conforme preconiza o Ministério da Saúde. Profissionais de saúde são contrários a essa metodologia porque alegam que, dessa forma, não existe como o estado ter a noção exata da magnitude do problema.

De 2000 a 2009, o Rio Grande do Norte contabilizou 2.149 casos da doença. O número é relativamente baixo se for levada em consideração a estimativa do Ministério da Saúde de que existam no país cerca de 540 mil pessoas com a doença e mais de 630 mil portadoras do vírus, sem desenvolver a patologia. Através de sua experiência no Hospital Giselda Trigueiro, onde atua diretamente com pacientes portadores do vírus HIV, a infectologista Tereza Dantas informa que os casos de Aids no estado vêm crescendo de forma vertiginosa.

Segundo a infectologista,essa subnotificação está "aparecendo" em outros hospitais como, por exemplo, o Walfredo Gurgel, maior pronto-socorro do estado, que não é especializado na área, mas registrou em quatro meses (fevereiro a maio deste ano) 15 casos da doença. "As pessoas foram para o Walfredo passando mal e saíram de lá com o diagnóstico de que eram portadoras da Aids", alerta.

Essa subnotificação, segundo a infectologista, prejudica o estado porque não é possível saber o total de pessoas portadoras do vírus HIV e promover um trabalho diferenciado. "Percebemos que muitos desses pacientes são portadores do vírus há muitos anos e continuam disseminando a doença. Isso é um perigo é importante que seja feito um trabalho com essas pessoas", destacou a médica.

Tereza explica que apenas doenças como tuberculose e sífilis congênita devem ser informadas no boletim, mesmo que o paciente esteja bem. "Um portador de Aids pode ser notificado pela tuberculose, mas não pela própria Aids. Isso só vai ocorrer quando o quadro dele se alterar ou começar a tomar o coquetel", informa infectologista.

Com o objetivo de suprir essa e outras carências, a Casa de Apoio às Pessoas Vivendo com Aids está promovendo uma campanha de conscietização sobre o crescimento dos números da doença no RN. "O evento é uma forma de chamar atenção para a importância do sexo seguro e um alerta para as pessoas realizarem o exame específico e iniciarem o tratamento para viver de maneira tranquila com a Aids", disse o presidente da Casa, Marcos Belarmino.

A campanha da Casa de Apoio às Pessoas Vivendo com Aids que está sendo realizada na rua Morena, no bairro Cidade da Esperança.
 
 

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